Imprensa elege o herói e o vilão

Escrevi ontem que na partida contra o Santos o único fato marcante foi o duelo entre Valdívia e Adriano.

As câmeras mostraram cotovelo de lá, cotovelo de cá, pega daqui, empurra de lá. Tudo sob a normalidade, inclusive a anormalidade foi punida, pois os dois atletas foram admoestados (gosto do termo) por lances – ou seqüência deles – mais fortes (ambos receberam cartão amarelo).

Escrevi também que o jogador do Santos havia dito, ao final da partida, ainda no gramado, que as jogadas mais ríspidas não passavam de coisa de jogo.

Tudo mudou com a entrevista do antes chorão (segundo a imprensa, quando esse dirigia o Palmeiras) e agora o defensor dos ‘meninos’, Emerson Leão. Continuou na segunda-feira, com edições de imagens e mesas redondas e repercutem (os fatos) ainda hoje, em Blogs, páginas, portais etc.

Desde a noite de domingo até o dia de hoje temos um novo herói: o garoto Adriano, que ‘anulou’ Valdívia; e temos também o novo/velho vilão: Valdívia – que não é o ‘craque que a torcida do Palmeiras pensa’, porque não sabe sair de uma marcação individual, ainda se irrita com o marcador e AGRIDE seu marcador.

Para os mais esquecidos vou apenas lembrar que Valdívia foi um dos jogadores mais CAÇADOS (não disse marcado, disse caçado) durante todo o brasileiro do ano passado, inclusive ficando algumas rodadas de fora por entradas maldosas (a imprensa só se lembra do tempo em que ficou fora por revidar agressões), vou – para refrescar a memória de alguns e mostrar o que acontece – reproduzir uma pequena frase de um jornalista que não pode ser acusado de Palmeirense: “… Valdívia está sendo “caçado” em campo. É bom que a arbitragem abra os olhos.” [Blog do Cereto – hoje]

A imprensa cria mitos, os destrói. Da mesma forma constroem imagens que acompanharão (as vezes para o bem, quando querem para o mau) as pessoas por muito tempo. A imagem que constroem de Valdívia vem prejudicando o atleta (que não é santo, nem o diabo), mas principalmente o Palmeiras. Até parece de propósito.

Fico imaginando se aquele Kfuro fosse verdadeiro, se Valdívia tivesse mesmo ido parar do outro lado do muro como um ‘jornalista’ noticiou em seu Blog. Sou capaz de arriscar um braço (parafraseando o autor do ‘furo’) como hoje as coisas seriam diferentes. Arrisco o outro em dizer que haveria uma representação de uma DETERMINADA equipe junto ao tribunal pedindo pena dura ao Adriano. Tudo é claro, com o aceite e o apoio da ‘imprensa esportiva’ paulista.

Esses fatos me fazem recordar do Alex. Craque. Seu único pecado (igual ao do Rivaldo) foi jogar no Palmeiras. Quando por aqui estava era Alexotan. Foi só sair, mudar de ares, ir para outra equipe (o Cruzeiro) para ser reverenciado como craque. Até hoje o querem na seleção, não pelo período de Palmeiras…

Depois dizem que não é perseguição.

Sobre o mesmo tema, mas sempre com mais brilhantismo, há reflexão no Observatório Verde, cliquem aqui para ler.

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